segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Júlio

 

Era uma vez um menino que tinha um quintal. Um quintal cheio de bichos e plantas e sol, como todos os outros quintais das redondezas, mas também lianas, índios, tesouros, piratas, duelos, xerifes, mastros e gáveas, tubarões, orangotangos e tigres.

No quintal desse menino, a realidade não era bem A Realidade. No quintal desse menino a realidade tinha decidido não obedecer à imutabilidade que as coisas pareciam ter noutros espaços da casa. Nesse quintal, ela esticava-se e encolhia-se, desdobrava-se e estendia-se, espreguiçava-se e piscava-lhe o olho cúmplice de mil brincadeiras.

Esse quintal ainda existe. E, felizmente, o menino que o habitava também. 

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