terça-feira, 26 de julho de 2022

Joanna

“This image of me holding hands with my father, both looking into the water, was taken by my mother around 1958. The hand holding seems to speak to the difference in size of these two bodies, and the smaller one scratching the top of the leg.  I am interested in what becomes available when we look at portraits of people’s backs, taken from behind them. This photographic perspective seems to allude to past, present and future all at the same time.

A childhood with this or that unique father. All through life, and long after our parents die – we remain the child of someone, and they the children of others, a seemingly infinite relationality through this human species. What kind of listening is possible when we contemplate these relations and the humanity to which we generally, as well as intimately and particularly, belong?”


quinta-feira, 21 de julho de 2022

Renata

É possível escutar o mundo se não escuto a mim mesma? É possível escutar a mim mesma e não escutar as minhas infâncias? 
O que seriam essas infâncias? 
O que eu escutava era que a infância era ausência de voz. Era a ausência de uma tal dignidade, que permitia que certos cuidados não precisassem ser tomados. Não era preciso dar escuta a uma criança. Nem dar escolha. Criança não tem querer. 
Só que éramos crianças e queríamos. Éramos crianças e falávamos, dizíamos, berrávamos, escrevíamos. Jorrávamos ideias e propósitos. 
Éramos crianças e não aceitávamos descuido e insegurança. E cuidávamos de nós. E nos assegurávamos. Uma comunidade de crianças no interior do mundo e a infância era outra coisa, ao mesmo tempo em que era o que era. Como podem conviver a infância que é o que é e a infância que é outra coisa?

sábado, 26 de março de 2022

do they really matter?

 

Adriana Duque, Menina 10 (https://artrianon.com/)
No passado dia 14 de março,  o projeto escuto.te e o Mestrado em Filosofia para Crianças, da Universidade dos Açores, convidaram a Professora Jana Mohr Lone, que nos inquietou com as suas perguntas: “Do children voices really matter?”

"How might society benefit if children were widely recognized as independent thinkers, capable of seeing clearly and contributing in valuable ways to our world? How would children’s lives change if what they said was not often ignored or patronized?"

 

sábado, 5 de março de 2022

cães

Num local onde as crianças brincam, relembro os diálogos dos cães da rua. O Tarzan discursa, roufenho, de cima de um paralelepípedo de cimento (à esquerda). Os outros cães escutam, e intervêm pouco. Hans Jonas (2004)* também se refere a eles: “Posso dizer que estou ouvindo um cão, mas o que eu ouço é o seu latir, um som que eu reconheço como o latido de um cão, e com isto eu ouço o cão latir, e com isto de certa maneira eu percebo o cão. Mas esta maneira de perceber o cão nasce e morre com o ato do latir.”. Porque parece então que os oiço como se fosse hoje? Porque será que alguns sons da infância permanecem na nossa memória? Que escutas se inscrevem e reinscrevem no nosso viver? O que torna um momento inesquecível?

*Jonas, Hans (2004): O princípio vida: fundamentos para uma biologia filosófica. tradução de Carlos Almeida Pereira. Petrópolis, RJ. Ed. Vozes

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Carla

 


O que faz e traz a filosofia no jardim de infância?

O oceano dá-me o inesperado, as cambalhotas nas ondas, o brincar.

O oceano dá-me o sonho, as perguntas, o silêncio, o presente.

O que podem as vozes dos bichos do mar?

Que escutas cabem na voz de um bebé?

Que marulhares escondem um começo?

A minha voz é oceano e infância. Um planeta azul a amar.

Escuto.te com o bater do oceano no meu coração.

Joanna

“This image of me holding hands with my father, both looking into the water, was taken by my mother around 1958. The hand holding seems to s...