O que seriam essas infâncias?
O que eu escutava era que a infância era ausência de voz. Era a ausência de uma tal dignidade, que permitia que certos cuidados não precisassem ser tomados. Não era preciso dar escuta a uma criança. Nem dar escolha. Criança não tem querer.
Só que éramos crianças e queríamos. Éramos crianças e falávamos, dizíamos, berrávamos, escrevíamos. Jorrávamos ideias e propósitos.
Éramos crianças e não aceitávamos descuido e insegurança. E cuidávamos de nós. E nos assegurávamos. Uma comunidade de crianças no interior do mundo e a infância era outra coisa, ao mesmo tempo em que era o que era. Como podem conviver a infância que é o que é e a infância que é outra coisa?
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