Num local onde as
crianças brincam, relembro os diálogos dos cães da rua. O Tarzan discursa, roufenho, de cima de um paralelepípedo de cimento
(à esquerda). Os outros cães escutam, e intervêm pouco. Hans Jonas (2004)* também
se refere a eles: “Posso dizer que estou
ouvindo um cão, mas o que eu ouço é o seu latir, um som que eu reconheço como o
latido de um cão, e com isto eu ouço o cão latir, e com isto de certa maneira
eu percebo o cão. Mas esta maneira de perceber o cão nasce e morre com o ato do
latir.”. Porque parece então que os oiço como se fosse
hoje? Porque será que alguns sons da infância permanecem na nossa memória? Que
escutas se inscrevem e reinscrevem no nosso viver? O que torna um momento inesquecível?
*Jonas, Hans (2004): O princípio vida: fundamentos para uma biologia filosófica. tradução de Carlos Almeida Pereira. Petrópolis, RJ. Ed. Vozes
o que torna um som numa fala?
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