sábado, 5 de março de 2022

cães

Num local onde as crianças brincam, relembro os diálogos dos cães da rua. O Tarzan discursa, roufenho, de cima de um paralelepípedo de cimento (à esquerda). Os outros cães escutam, e intervêm pouco. Hans Jonas (2004)* também se refere a eles: “Posso dizer que estou ouvindo um cão, mas o que eu ouço é o seu latir, um som que eu reconheço como o latido de um cão, e com isto eu ouço o cão latir, e com isto de certa maneira eu percebo o cão. Mas esta maneira de perceber o cão nasce e morre com o ato do latir.”. Porque parece então que os oiço como se fosse hoje? Porque será que alguns sons da infância permanecem na nossa memória? Que escutas se inscrevem e reinscrevem no nosso viver? O que torna um momento inesquecível?

*Jonas, Hans (2004): O princípio vida: fundamentos para uma biologia filosófica. tradução de Carlos Almeida Pereira. Petrópolis, RJ. Ed. Vozes

1 comentário:

Joanna

“This image of me holding hands with my father, both looking into the water, was taken by my mother around 1958. The hand holding seems to s...