Era uma vez um menino que tinha um quintal. Um quintal
cheio de bichos e plantas e sol, como todos os outros quintais das redondezas,
mas também lianas, índios, tesouros, piratas, duelos, xerifes, mastros e
gáveas, tubarões, orangotangos e tigres.
No quintal desse menino, a realidade não era bem A
Realidade. No quintal desse menino a realidade tinha decidido não obedecer à
imutabilidade que as coisas pareciam ter noutros espaços da casa. Nesse
quintal, ela esticava-se e encolhia-se, desdobrava-se e estendia-se,
espreguiçava-se e piscava-lhe o olho cúmplice de mil brincadeiras.
Esse quintal ainda existe. E, felizmente, o menino que
o habitava também.